Denise Alves'
A maioria das mulheres arquitetas já ouviram falar de algumas dessas estórias de horror: enquanto Mies van der Rohe era elevado ao panteon dos mestres modernistas, Lilly Reich morria na pobreza e no anonimato; ou Le Corbusier vandalizando o décor da Casa E-1027, de 1929, opera prima de Eileen Gray no sul da França; ou ainda Robert Venturi aceitando receber o Prêmio Pritzker de 1991 enquanto sua esposa e sócia Denise Scott Brown não era sequer mencionada [went all but unrecognized].


Entre as pioneiras mulheres arquitetas, figuram a irlandesa Eileen Gray,
à esquerda, e a alemã Lilly Reich, à direita.
Crédito: B. Abbott / Commerce Graphics in www.nytimes.com
Entre as pioneiras mulheres arquitetas, figuram a irlandesa Eileen Gray,
à esquerda, e a alemã Lilly Reich, à direita.


Casa E-1027 (1929); Arquiteta Eillen Gray: vandalizada por Le Corbusier.
Crédito: JOHNSON, J. Stewart. Eileen Grey: designer 1879 - 1976. Nova Iorque, 1979.
Casa E-1027 (1929); Arquiteta Eillen Gray: vandalizada por Le Corbusier.


Mural pintado por Le Corbusier, em 1938, na Casa E-1027.
Crédito: JOHNSON, J. Stewart. Eileen Grey: designer 1879 - 1976. Nova Iorque, 1979.
Mural pintado por Le Corbusier, em 1938, na Casa E-1027.


Le Corbusier diante da cabana construída
no terreno da Casa E-1027.
Crédito: Le Corbusier: une encyclopédie. Paris: 1987.
Le Corbusier diante da cabana construída
no terreno da Casa E-1027.


Denise Scott-Brown.
Crédito: Frank Hanswij in www.upenn.edu
Denise Scott-Brown.

Women in Modernism, um colóquio montado em outubro ultimo pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, procurou estabelecer [sought to take] uma apreciação mais positiva [a more positive look] sobre o papel que as mulheres desempenharam na História da Arquitetura. Num debate conduzido por Gwendolyn Wright, historiadora da Arquitetura da Universidade de Columbia, os painelistas focaram suas análises nas mulheres que produziram impactos profundos na história do Modernismo, ainda que trabalhando na periferia da profissão.
Capas de alguns dos livros de Esther McCoy.
Crédito: www.allbookstores.com
Capas de alguns dos livros de Esther McCoy.

Entre elas, se incluem figuras negligenciadas como Esther McCoy, cujos escritos apresentaram o Modernismo de Los Angeles a uma geração que ali não enxergava nada além de palmeiras e estrelinhas do Cinema [palm trees and starlets]; ou Elizabeth Mock, uma curadora de Arte e pioneira propositora do estreito relacionamento entre Arquitetura e Meio Ambiente; ou ainda a arquiteta Eleanor Raymond que, associada à inventora Maria Telkes, projetou a primeira residência no país alimentada por energia solar, no final dos anos 40.
Eleanor Raymond (1888-1989),  Maria Telkes (1900-95)
e a Dover Sun House, em Dover, Massachusetts, 1948.
Crédito: Alberto Taveira, intervenção sobre imagens de
www.amazon.com; cr4.globalspec.com & Wide World Photo in web.mit.edu
Eleanor Raymond (1888-1989),  Maria Telkes (1900-95)
e a Dover Sun House, em Dover, Massachusetts, 1948.

Nos últimos anos, obviamente, as mulheres se tornaram mais 'visíveis' no seio da profissão. E esta ascensão produziu sutis impactos na prática profissional, inclusive uma ênfase renovada na 'colaboração' interprofissional, e uma derrubada [breakdown] das tradicionais fronteiras entre arquitetos, paisagistas, designers de materiais e equipamentos [fabric designers] e artistas gráficos.

Mas qualquer que tenha sido a dose de otimismo que os debatedores tentaram arregimentar [to muster] sobre o futuro, deveríamos todos estar desanimados [appalled] com a lerdeza dos avanços [by the pace of progress]. Um estudo recente desenvolvido pela Beverly Willis Architecture Foundation, um dos patrocinadores do colóquio promovido pelo MoMA, enfatiza [underscores] os vários reveses [setbacks] que as mulheres sofreram em sua escalada profissional [in their climb through the professional ranks].

Numa entrevista ao final do colóquio, Ms. Wright descreveu o fenômeno como um 'padrão de avanços e recuos' [a pattern of advance and retreat]."Os dois maiores movimentos feministas da história norte-americana – o da década de 1910 e aquele do final dos anos 60 e início dos 70 – obviamente abriram uma porção de oportunidades para as mulheres" observou. "Mas, em ambos os casos, elas também foram sucedidas por uma reação [backlash], e as estatísticas de participação feminina logo voltaram a despencar [the numbers drop again]. Por exemplo: quando a autoridade dos homens é ameaçada, ou quando acontece uma recessão econômica [economic downtur], as mulheres são as primeiras a perder seus empregos".
Sufragista americanas, em 1914.
Crédito: www.americaslibrary.gov
Sufragista americanas, em 1914.
Os debatedores do MoMA, no entanto, não chamaram a atenção [addressed], suficientemente, para uma das mais evidentes [glaring] questões: por que será que ainda existem tão poucas mulheres no topo mais alto [at the very top] da profissão ?
O símbolo do Women's Lib; militantes protestando no Concurso Miss America 1968 e queimando sutiãs.

As mulheres constituem [make up], aproximadamente, metade de todos os estudantes de graduação em Arquitetura, nos EUA. No entanto, segundo o American Institute of Architects, a associação profissional que congrega os praticantes, elas representavam, em 2006, apenas 13,3% de seus membros, apenas 1,2% a mais que em 1975 e, sob qualquer ponto de vista, um número desanimador [a depressing figure]. Ademais, o número delas que ascendeu ao rol das celebridades internacionais é minúsculo.
Zaha Hadid: a estrela da companhia.
Crédito: www.e-architect.co.uk
Zaha Hadid: a estrela da companhia.

Uma das razões seria o preconceito de gênero [sexism], que as mulheres enfrentam no cotidiano de quase todas as profissões. Neste particular, qualquer estudantezinha [schoolgirl] poderá lhe demonstrar que o equilíbrio entre 'trabalho' e 'vida familiar' ainda está torcido em favor dos homens. Mas os 'territórios' arquitetônicos singularmente machistas, ainda que em processo de rarefação [rarefied and strangely macho precincts of architecture], podem ser particularmente traiçoeiros [treacherous].

Qualquer arquiteto(a) jovem [young architect] com sérias ambições criativas [creative ambition], é rotineiramente cobrado [routinely expected] a trabalhar horas sem fim em troca de uma remuneração modesta [little pay]. O reconhecimento profissional e os bons cargos, encargos e contratos [high-profile commissions] – caso se chegue lá [if they materialize at all] –, só aparecem para os profissionais na faixa dos 50 anos – isto é, muito depois da idade-padrão para se constituir uma família. Não é surpreendente, portanto, que muitos dos mais famosos arquitetos, hoje – já na faixa dos 60 ou 70 anos – tenham dependido, substancialmente, do suporte financeiro de suas esposas, para subir na vida [as they rose through the ranks]. Essas esposas, muitas vezes, administravam seus escritórios [ran their offices], cuidavam dos filhos, e sustentavam lealmente [loyally bolstered] os egos dos maridos. Mas você não vai encontrar seus nomes gravados nos letreiros e nas portas de entrada [on the front door] dos estúdios.
Condomínio residencial High Line 519, na Rua 23, no Chelsea, Nova Iorque.
Arquiteta Lindy Roy, 2007.
Crédito: archidose in www.flickr.com
Condomínio residencial High Line 519, na Rua 23, no Chelsea, Nova Iorque.
Arquiteta Lindy Roy, 2007.



E ainda, se é verdade que, na maioria dos casos, este padrão foi agora suplantado por outro – as parcerias profissionais marido-mulher [husband-and-wife team], trabalhando lado a lado em frente as telas dos computadores –, como isto poderia ajudar uma mulher a lutar seriamente para conseguir se virar por conta própria [striving to make it on her own] ? Quem seriam seus 'modelos inspiradores' [role models] ? Em Nova Iorque, Lindy Roy, Annabelle Selldorf e Winka Dubbeldam são, todas elas, importantes arquitetas que já estão começando a deixar suas 'marcas' na cidade [to leave a mark on the city] sem – devo acrescentar –, maridos para lhes pagar as contas [to balance their books] e acariciar [stroke] seus egos. Mas tais exemplos são poucos e extremos e, mesmo assim, relativamente desconhecidos.
Loja Abercrombie & Fitch, em Nova Iorque.
Arquiteta Annabelle Selldorf, 2005.
Crédito: www.selldorf.com
Loja Abercrombie & Fitch, em Nova Iorque.
Arquiteta Annabelle Selldorf, 2005.

Infelizmente, há poucos motivos para esperar que esta situação melhore no curto prazo. As esmagadoras pressões financeiras e de prazos [overwhelming financial and time pressures] que incidem sobre os arquitetos não mudaram muito, nem tampouco o chauvinismo que as mulheres devem administrar [navigate], desde as advindas dos escritórios dos empreendedores até aquelas oriundas dos canteiros de obras.
Edifício residencial Archi-Tectonics,
no Greenwich Village, Nova Iorque.
Arquiteta Winka Dubbeldam, 2004.
Crédito: emily geoff in www.flickr.com
Edifício residencial Archi-Tectonics,
no Greenwich Village, Nova Iorque.
Arquiteta Winka Dubbeldam, 2004.


Apesar de sua imagem pública de 'reduto progressista' [bastion of progressivism], a Arquitetura é uma profissão em que o telhado de vidro ainda precisa ser bastante riscado e arranhado [scratched], antes que possa ser estilhaçado [must less shattered].
Crédito: Alberto Taveira, intervenção sobre imagem de
J. Howard Miller (1942) in www.answers.com

Fonte: Viverciodade.org.com

Creio que hoje em dia isso tenha mudado, que existem muitas arquitetas competentes espalhadas pelo mundo, cheia de otimas idéias e com criatividade aguçada pra criar, projetar e erguer sonhos, a cada dia estamos sendo valorizadas e conquistando o nosso espaço e este blog é constituido por duas estudantes de arquitetura que almeja concretizar este sonho! 



        
FELIZ DIA DAS MULHERES E ARQUITETAS! 8 MARÇO'
4 Responses
  1. irazer Says:

    feliz dia das mulheres primeiramente...
    ei denise foi bacana como vc comparou a arquitetura ao dia das mulheres...
    as primeiras arquitetas deixou ai suas obras que sao perfeitas


  2. Unknown Says:

    Muito bem lembrado, muito bem explicado.. As mulheres merecem! :D


  3. Giovânia Says:

    a mulher vai dominar o mundo! o/



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